Durval Carvalhal

Fazer de cada queda um passo de dança.

Textos


 
SER PROFESSOR



Durval Carvalhal

 

                                                             



          Ser professor é buscar forças para prosseguir; é alimentar-se do conhecimento; é ser janela aberta para o outro. Ser professor é abrir-se ao outro, às relações. Mas, como é difícil ser professor, de quem se exige modelo de virtudes e capacidade de mudar os comportamentos e atitudes de quaisquer alunos.

         
O professor é o quinto (5º) “P” do marketing: Praça, Preço, Promoção, Produto e Professor.

          Sua missão é impossível? Às vezes, sim; às vezes, não, porque ele é tenaz visionário. Como gerente da sala de aula, só ele sabe o que seu aluno precisa para ter um aprendizado significativo, para projetar-se no futuro.

          O dia a dia do professor é um belo, comovente e cativante processo de aprendizagem, adquirido com os olhares, com os gestos e com as palavras do alunado.

          Todo profissional passa pelas mãos de um professor, que é dono de um saber especializado adquirido através de uma formação acadêmico-profissional estruturada. Ele, o professor, forma gerações; é incansável na luta pela transformação da sociedade; reconhece os limites do outro; não descansa; é também aluno na dinâmica do cotidiano.

          É um nobre idealista. Mas não só de idealismo vive o professor. Exerce uma profissão de extrema complexidade, que convive com a incerteza, a ambiguidade das funções, a injustiça e a incompreensão. É, ao mesmo tempo, um destino, uma grande missão: fazer o seu semelhante crescer como cidadão, como ser humano e prepará-lo para enfrentar as vicissitudes da vida. É como uma bússola, que instrui e mostra o caminho do porvir, o caminho do sucesso.

          Como é gostoso e gratificante para um aluno conviver com um professor que suscita encantamentos, e que se deixa encantar por seus pupilos. O professor é um eterno encantado pelos temas de trabalho, pelo seu estudo, por seus alunos, por suas escolhas. É alguém que se encanta com o encantamento de cada discente. Um encantamento pleno de vida, cheio de movimentos, que provoca orgulho, que desloca o tempo e espaço e produz a sensação de querer mais.

          A relevância do professor para a Humanidade é colossal. Foi através dele que o Homem saiu das cavernas, foi à Lua e já clonou até ser vivo. Seu trabalho ou sua arte é de extrema nobreza. Pena que não tenha o devido reconhecimento na nossa sociedade. Parece que ele não sofre os problemas do cotidiano. Pois, sofre, sim! Além de educar, ele estuda; tem muitos problemas para resolver, como sair de casa cedo, retornar tarde; correr contra o tempo; sofrer o terrível stress; cuidar e criar os seus próprios filhos; cumprir inúmeros compromissos, conviver com preocupações, e enfrentar a tenebrosa insegurança de todos os dias. Quanta saudade dos tempos em que ele tinha status de autoridade.

          A escola e o professor! Eis aí uma formidável dupla, com a nobilíssima missão de formar cidadãos plenos e capazes para a vida. Escola, professor e missão é a bela trilogia da felicidade humana.

          Mas, se “a educação é uma semente que deve ser cultivada a cada dia, a cada minuto, um ato contínuo e infinito”, por que esse profissional de alta relevância para um povo, esse maravilhoso ser humano é tão violentado em sua dignidade? Alguém seria capaz de conceber uma sociedade sem professores?
Durval Carvalhal
Enviado por Durval Carvalhal em 11/05/2012
Alterado em 20/08/2023


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