Durval Carvalhal

Fazer de cada queda um passo de dança.

Textos


APRESENTAÇÃO DO LIVRO: “CUBA, Um olhar político e poético de 

 

Durval Carvalhal

 




Santiago de Cuba


         
         
 No mundo corporativo, é consensual tomar decisão depois de o gestor ou empreendedor abastecer-se bem de informações; senão, podem-se colher resultados contraproducentes. E o autor de CUBA, Um olhar político e poético fez exatamente isso. Depois de décadas de pesquisas em farta bibliografia, aguda observação in loco e reflexões profundas, produziu uma obra completa e imparcial.


        Completa porque, inversamente a muitos autores, principiou do princípio, ou seja, investigou a ilha desde sua condição de nascituro politico, ou pré-colonial, até os dias de hoje, sublinhando a secular colonização espanhola, a curta dominação inglesa, as lutas de independência e morte prematura do legendário José Marti, a independência da Espanha ajudada pelos EE. UU, a implantação da república, o governo ditatorial de Fulgêncio Batista, a vitória da revolução, a crise dos mísseis, o bloqueio econômico, a frágil economia agrária do país, o heroísmo da população, o cotidiano dramático da vida na ilha, a falta de democracia e as perspectivas futuras.


                Imparcial porque suas abordagens são frias, realistas, cruas, fotográficas e espelhantes da realidade concreta. Não escreveu com a empolgação de simpatizante como Ricardo Rojo em “Meu amigo Che”; Hélio Dutra em “Querida Ilha”; José Mário e Noelice Costa Pinto em “Cuba, um povo heroico”; Fernando Morais em “A Ilha”. Nem mesmo Florestan Fernandes escapou da sentimentalidade, como ressaltou Antônio Cândido: “O esforço quase obsessivo de harmonizar o saber sociológico com a paixão do socialista faz dos seus escritos uma vigorosa militância”.


          Ary Txay, em sua descrição desapaixonada, aponta a democracia como condição sine qua non para a recuperação da nação caribenha. Reconhece que “A Revolução Cubana fracassou como fracassaram todas as revoluções socialistas do século XX”. Entende que a partir de um processo democrático, poder-se-á chegar a uma negociação com os EE. UU, extinguindo, assim, o longo bloqueio comercial para que Cuba possa se beneficiar das “Vantagens Comparativas” de Adam Smith, posto que nenhum país seja capaz de produzir tudo de que precise para sobreviver e, dessa forma, alavancar o processo de crescimento e desenvolvimento da nação colonizada pela Espanha. Afinal de contas, doloroso e humilhante é depender de outras nações para rastejar-se; ontem, da União Soviética; hoje, da Venezuela.


             CUBA, Um olhar político e poético é a epopeia fascinante da Ilha de Cuba, escrita numa linguagem despojada, cuja “cúpula política dirigente reduziu o povo a um bando”, desprovido de liberdade que é uma necessidade primária, tal qual a alimentação, a educação, o transporte, a saúde e a habitação. “O cidadão do final do século XX, até em regime autoritário como a China, passou a ter o direito de ganhar dinheiro, investir, se possível enriquecer” [...] “Não há mais lugar para ambientes antidemocráticos e Cuba é um exemplo ricamente eloquente”. A nação comandada por Raul Castro está sedenta de democracia que significa, malgrado suas limitações, pluralismo político, tolerância, convivência, direitos humanos, respeito à crítica, à legalidade, às eleições livres e à alternância no poder. Democracia é doutrina, enquanto socialismo é regime de produção; portanto, não são fenômenos excludentes.
         Sua leitura é de fundamental importância para se compreender, clara e cabalmente, o processo político, econômico, antidemocrático e ineficiente da República Cubana em toda a sua plenitude, em toda a sua inteireza.


               Os seres humanos têm necessidades e desejos que são satisfeitos com bens e serviços; mas, o estado, sozinho, é ineficaz para isso, necessitando-se, inapelavelmente, da figura do empreendedor, que faz pesquisas, identifica carências, investe, corre risco, produz e satisfaz demandas, gerando emprego, renda, tributos, qualidade de vida e felicidade.

Durval Carvalhal
Enviado por Durval Carvalhal em 28/09/2013
Alterado em 22/05/2023


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