ANTÍTESES Quero saber O que você comeu Nos séculos em que vivi Nas celas De uma torpe cadeia. II Quero saber O que as crianças Passaram na minha ausência, Quando perdi a liberdade De trabalhar De ver você e Meus filhos; Olhar o sol E pisar o chão, Andando nas ruas. III Quero saber O que o mundo especulou Sobre a súbita morte Do seu marido vivo, Pai de filhos órfãos, Que derramaram lágrimas Pela presença morta Do pai moribundamente vivo... IV Mas é que há Entre o sonho E a realidade A gigantesca ponte Da probabilidade, Por onde andam Reis e poetas, Em completa antetização. V Estou aqui só, No infinito limitado De uma escuridão geométrica. E meu coração Arde em chamas, Lançando larvas volitivas... VI Estou em pleno inferno Sem Virgílio e sem Dante, Onde olho e vejo satanás Plenamente fantasiado de anjo... VII Oh! Céu sem azul! Estrelas que não brilham! Oh! Gentes que não me escutam!!! Durval Carvalhal
Enviado por Durval Carvalhal em 28/04/2012
Alterado em 26/05/2012 |