BETANÇA, A OFERENDA COLÍRICA
Durval Carvalhal Outrora, Teu sorriso de anjo Refletia a graça da Lua, Quando lança, Do colo azul do céu, O eflúvio que equilibra, Na Terra, A balança das vicissitudes, E embala, Na cama da vida, Os corpinhos lúbricos. II Dir-se-ia Que era oferenda colírica A cristianizar A vocação atilana Da semelhança divina. III Outrora, Teu sorriso argênteo Desmanchava em iodo, A purificar a pereba do mundo, Onde o soprar da Natureza Era o reforço suavizante. IV Outrora, Tua voz macia Era doce música, Invadindo ouvido adentro A ninar mortais Em imortal embevecimento, Na perenidade Que só a arte musical Concebe aos espíritos. V Outrora, Tu não tinhas, na face, A languidez Que hoje corrói Aquela alegria, Aquele teu sorriso E a doçura da tua voz, Transformando-te Em fruto peco, Na espera da queda letal. VI Tua voz, Tua graça, Teu sorriso, Tua alegria, Tudo isso sumiu. VII Agora, Estás nua no palco da vida, Sem nenhum Daqueles adornos, Que te tornavam princesa. VIII Estás perdida Na própria pequenez Do teu espaço limitado. IX E porque, menina, Não te voltas no tempo, Para te encontrares no outrora, Graciosa como Diana, Sorridente como o Sol, A declamar com o poeta: “Natureza! Eu voltei! E eu sou o teu filho”? Durval Carvalhal
Enviado por Durval Carvalhal em 03/06/2012
Alterado em 29/03/2018 |