B Á L S A M O
Durval Carvalhal
Dói muito
Não poder ser teu.
O punhal,
Que trespassa o coração,
Tem a ponta doce.
II
O sangue,
Que jorra do peito,
Cai, como bálsamo,
Sobre os pés cansados.
III
As formigas e as moscas
Nutrem-se do mel escarlate.
Meus olhos, lânguidos, fecham-se.
Minhas pernas, trêfegas,
Não mais sentem
O peso do corpo.
E meus ouvidos, ocos,
Ainda ouvem minha voz dilacerante:
IV
De tanto te querer,
Razão do meu ser,
Já nem sei
Se te quero mais:
Morri!