SOBRE ASSÉDIO MORAL
Durval Carvalhal Esse assunto, querida Elisabeth, eu o conheço muito bem, tanto na teoria, quanto na prática. Um ótimo livro sobre o tema é de um auditor e professor baiano: AGUIAR, André Luiz Souza. Assédio Moral: o direito à indenização pelos maus-tratos e humilhações sofridos no ambiente do trabalho. LTr Editora Ltda, São Paulo, 2005. Entre as vítimas de assédio moral, estão as pessoas “excessivamente competentes ou que ocupem espaço demais”, cita o autor. Diz ainda que: “[...] processo do assédio moral inicia-se com a diminuição dos valores morais do indivíduo, sendo que a minoração moral possui a capacidade de desestabilizar a estrutura daquela pessoa [...] e leva-se o outro a duvidar de si mesmo, a fim de aniquilar suas defesas” (HIRIGOYEN, 2001, p. 88). Ele cita BARRETO (2000, p. 173): “a atitude de reduzir o outro com piadas, risos e sussurros é a causa de angústia e medo que acentua o sofrimento”. O escopo fundamental é humilhar, “intimidar, amedrontar, ignorar, sugerir que peça demissão, diminuir salários quando retornam ao trabalho, deslocar da antiga função.” (BARRETO, 2000, p188-189). Quem sofre de assédio moral, prezada Bete, é isolado dos próprios colegas, que preferem ficar do lado mais forte, temendo represália, pois “quem está em torno teme, caso se mostre solidário, ser estigmatizado e ver-se jogado na próxima onda de demissões”. O fatídico assédio moral transforma a pessoa numa ilha cercada de solidão por todos os lados, e o assediado pode evoluir para o suicídio: “a vida perde o sentido, transformando a vivência em sofrimento, num contexto de doenças, desemprego, procuras, desamparo, medo, desespero, tristeza, depressão e tentativas de suicídio”. “O suicídio é o ponto final esperado pelo agressor que, sem ressentimentos, credita àquele trabalhador a responsabilidade pelo ato, através da transferência de culpa (HIRIGOYEN, 2001). O Pensamento suicida predomina mais entre os homens do que entre as mulheres, afirmou BARRETO (2002)". Bilhete escrito por um bancário: ”Este suicídio não tem ninguém culpado, a não ser o Baneb. Pois não suporto mais essa vida de cão. Por favor, não condenem ninguém da minha família. Adeus Barreiras, 16 nov 1993, pg. 52”. Durval Carvalhal
Enviado por Durval Carvalhal em 25/04/2016
Alterado em 22/04/2021 |