Durval Carvalhal

Fazer de cada queda um passo de dança.

Textos


A MORTE DE UM GRANDE MÚSICO, Zé Humberto



Durval Carvalhal



A imagem pode conter: 1 pessoa, sorrindo, tocando um instrumento musical e violão



            Soube da morte de "Zé" ontem, 20/01/2019, domingo, lendo o jornal A Tarde. O dia ficou triste; o sol se recolhera e as nuvens ficaram plúmbeas. Era uma amizade antiquíssima. Encontrávamos sempre nas escadarias do Teatro Castro Alves para papear e perambular por Salvador a fora, nos teatros, mostras de som e afins.

            Em determinado tempo, quando voltou de São Paulo, foi meu professor de violão, com quem aprendi preciosas dicas. Ele gostava também muito de literatura, lia muito e comentava sobre obras lidas. Quando lancei “Um Pouco de Prosa”, no Clube de Engenharia, ele fez a festa com seu violão mágico, tocando canções brasileiras.

            A morte é um fenômeno certo que atinge todas as pessoas; mas, em determinados momentos, é difícil aceitá-la. era muito jovem, apesar dos cabelos grisalhos. Era muito alegre e dificilmente poder-se-ia encontrá-lo com cara enfezada.

            Em 1988, quando fui candidato à vereança em Salvador, ele ajudou-me muito, apresentando-me a famílias, amigos, artistas, ao longo da Rua Ferreira Santo, Federação, onde morava e dava aulas de violão. Como homem de gosto artístico-cultural, sempre me convidava para as atividades que ele organizava.

            Você se foi, ‘
Zumbé Zen’. Fique com Deus. Fica a lembrança daquele rapazinho que andava com violão debaixo do braço; que estudou na antiga Escola de música Kate White; que era autodidata; que tocou muitos anos na noite de São Paulo; que conversava muito comigo sobre música, literatura e artes.

            Lembro-me de um episódio interessante. Eu estava na porta do Teatro Castro Alves fazendo hora para entrar para ver a apresentação do violonista “Egberto Gismonti”. De repente, chegou . Eu disse: vamos ver o show juntos? Ele retrucou: Não, eu não tenho dinheiro para pagar o ingresso.

            Incontinente, eu lhe disse: ", Gismonti, para você, é muito mais importante do que para mim. Entre no meu lugar. Ele entrou e dias depois, comentou sobre a maravilha que era e é ver Gismonti tocar piano, violão e cia.


Para Zé, Palhaço de Gismonti:
 https://www.youtube.com/watch?v=AL-e7970YoE


 
Durval Carvalhal
Enviado por Durval Carvalhal em 21/01/2019
Alterado em 21/01/2019


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