A MORTE DA QUITUTEIRA BAIANA, CIRA DO ACARAJÉ Durval Carvalhal Anos atrás, estava com amigos, Jorge Papapá e esposa, tomando cerveja numa barraca em Itapoã. Era uma tarde de verão, tépica e ensolarada. Muita gente, muitos turistas a desfrutar daquele espaço praístico da Boa Terra. Pintou vontade de comer acarajé; levantei-me e comprei quitutes de uma baiana solitária, ao lado de outra baiana, cujo tabuleiro estava rodeado por uma fila imensa de pessoas desejosas de comer o famoso bolinho. Ao retornar à mesa, fui indagado por que não fiz a compra na mão da famosa Cira do Acarajé. Expliquei que quis ajudar a baianinha que não vendia nada; estava desolada e sem clientes . Na última sexta feira, 4 de dezembro, Jaciara de Jesus faleceu aos 69 anos; com ela morreu boa parte da cultura gastronômica baiana. Guerreira, ficou órfã de mãe aos 17anos, com a duro incumbência de cuidar de 3 irmãs menores, numa cidade ainda bucólica e cheia de encantos. Cira do Acarajé veio ao mundo através de família muito pobre; encarou-o de frente e venceu. Foi uma grande vitoriosa. Um grande exemplo de luta e tenacidade. Um ícone internacional. Seu ciclo vitorioso durou até ontem, deixando Salvador e o mundo sem aquela comidinha ofertada a Iansã. Obrigado, Cira! Vá com Deus! Acarajé: https://www.recantodasletras.com.br/cronicas/3763914 Durval Carvalhal
Enviado por Durval Carvalhal em 05/12/2020
Alterado em 05/12/2020 |