TRISTE, BAHIA!
Durval Carvalhal
É lamentável, caro vate Gregório de Mattos; mas, a nossa terra continua dessemelhante nos seus quatro cantos, cuja violência, a desonestidade e as trapaças político-jurídicas voam em céu de brigadeiro. Por onde se anda, as torpes notícias campeiam assustando e amedrontando nativos e visitantes. Se se vai às compras, os preços são mais altos que a doce Cidade Alta; se se vai a um lazer artístico-cultural, o arrependimento pode ser a “Grand finale”; se se bate pernas pelas ruas e avenidas, as facções estão de prontidão para roubar e espancar. Na quinta-feira passada (2-10-23), em pleno feriado nacional ensolarado, quatro oficias da gloriosa Policia Militar foram assaltados na famosa e frequentada praia de Jaguaribe, orla de Salvador; levaram tudo, inclusive uma pistola 9mm de um aluno oficial. Sexta feira, pós-feriado, fui novamente à internacional praia do Porto da Barra. Água e ondas tranquilas, muita gente bronzeando-se, lanchas e ‘caíques’ parados ou singrando o mar; cerveja geladinha; tira-gosto a granel; sombreiros mil dando um ar impressionista ao gostoso ambiente ....
Eu, genro e sua mamãe, uma senhora de 75 anos, saímos bem de tardinha, lá para às 17h40m. Ao ganharmos o asfalto, achei interessante mostrar-lhes a bela alegoria local: gente de montão; bares lotados com suas mesas externas entupidas; músicas e músicas como alegres trilhas sonoras.
No fim da praia, já iniciando o caminho para o não menos famoso e histórico Farol da Barra, ainda sobre a regência de bares, havia uma tenda de acarajé com uma baiana, uns cinco colaboradores e muitos clientes degustando o quitute baiano. Bem pertinho, encostado numa balaustrada, um grande grupo conversava normalmente, quando, de repente, um dos marginais avançou sobre a sogra da minha filha, e retirou-lhe bruscamente a corrente de ouro do pescoço. Incontinente, agarrei-o pela camisa; e quanto mais ele lutava para fugir, mais eu o segurava firmemente até que seus comparsas partiram para cima de mim, obrigando-me a soltar o meliante. Vi uns cinco em cima de mim, e gritei para um grandão: “Qual é seu caso, bicho?”, enquanto meu genro protegia sua mamãe, uma francesa de 75 anos, que viera pela primeira vez visitar a Bahia de Todos os Santos (ou de muitos diabos?). Em casa, friamente, minha família me condenou pela reação (e com razão), porque, como me disse minha família, minha reação poderia ter custado 3 vidas e criado duas viúvas. Como ensina Ortega y Gaset, o homem é ele mesmo e suas circunstâncias.
Fica, pois, a lição: Não reaja a assalto! Melhor perder um dedo do que a mão, não é?
Salvador, 13 de outubro de 2023.
Durval Carvalhal
Enviado por Durval Carvalhal em 16/11/2023
Alterado em 24/11/2023 |